Estarão os Empresários Portugueses enganados?

Esta é a pergunta que te trago neste artigo. Vamos ver porquê.

 

 

Recentemente, a OCDE publicou um estudo com resultados muito interessantes, que mostraram a perceção dos empresários portugueses sobre o mercado de capitais.

Houve muitos resultados interessantes. Mas quero-me focar num em particular: O PORQUÊ DE OS EMPRESÁRIOS PORTUGUESES NÃO LISTAREM AS SUAS EMPRESAS EM BOLSA.

 

Das centenas de empresárias e empresários entrevistados, a grande maioria afirma que nunca pensou financiar-se no mercado de capitais. A grande maioria diz que não pensa listar as suas empresas em nenhuma Bolsa (a chamada Oferta Pública Inicial; IPO).

Das 270 empresas que responderam ao inquérito da OCDE, apenas 11 disseram que alguma vez consideraram fazer uma Oferta Pública Inicial (IPO). Isto quer dizer que apenas cerca de 4% das empresas pensa em se financiar no mercado de capitais! Um número muito, muito baixo.

Mas o que mais me chocou, o que mais me intrigou, e o que mais me angustiou, foi a razão apresentada pelos empresários para não o fazer.

A razão número 1 pela qual os empresários e empresárias portugueses não querem listar as suas empresas em Bolsa é porque NÃO QUEREM PERDER O CONTROLO DAS SUAS EMPRESAS.

Eu acho este dado chocante, pois há uma perceção desfasada da realidade. Os portugueses parecem considerar o mercado de capitais uma inviável hipótese de financiamento porque têm medo de perder o controlo da empresa. Nada poderia estar mais longe da verdade.

E é esta a mensagem que te quero deixar aqui hoje. Principalmente se fores uma empresária ou empresário português. Quero-te ajudar a entender que não perderás o controlo sobre a tua empresa ao te financiares no mercado de capitais. Quero-te mostrar como a Bolsa de Valores pode ser uma hipótese muito interessante para a tua empresa, quanto mais não seja para diversificares as fontes de financiamento da tua empresa.

Mas vamos lá ao que interessa.

 

Apresento-te 4 exemplos de empresas que estão listadas em Bolsa e cujos fundadores não perderam o controlo da empresa.

O Mark Zuckenberg, que fundou o Facebook, ainda detém a maioria do capital da empresa. Detém 12.7% de todas as ações do Facebook, o que lhe oferece um grande controlo sobre as operações da empresa. É ele que tem o maior poder de decisão da empresa. Estamos a falar de uma das maiores empresas do mundo, com um valor de mercado de mais de 600 mil milhões de dólares. Quão bom é ter fundado uma das maiores empresas do mundo, ir-se financiar ao mercado de capitais, e hoje em dia ainda deter a maioria do controlo da empresa?

Jeff Bezos, da Amazon, também ainda detém a maioria do capital da empresa (11.13%) e, assim, a maioria do controlo sobre esta que é uma das maiores empresas do mundo. Com um valor de mercado de 1,3 triliões de dólares, Jeff Bezos continua a ter o controlo maioritário sobre a empresa que fundou. Impressionante, não é?

Já consigo ouvir alguns de vocês a dizer “ah mas isso é só lá nos EUA; aqui em Portugal é diferente, não acontece assim”.

Deixa-me mostrar-te como também em Portugal é possível aos empresários financiarem-se nos mercados de capitais e, ainda assim, manterem a maioria do controlo. Aliás, a surpresa dos números ainda é maior em Portugal. Vejamos.

 

A família Azevedo ainda detém mais de 55% das ações da SONAE. Quer isto dizer que a grande maioria do capital está nas mãos da família fundadora e o controlo maioritário continua a pertencer à família.

Também na Corticeira Amorim isto acontece, onde a família Amorim detém mais de 60% do controlo sobre a empresa.

Duas grandes empresas portuguesas, onde os fundadores ou suas famílias continuam a deter o controlo maioritário da empresa. Continuam a ditar as decisões sobre as operações do dia-a-dia das empresas. Estes empresários escolheram financiar-se no mercado de capitais. Optaram por abrir parte do capital ao Grande Público, através da Bolsa, sem perder o controlo sobre as suas empresas.

 

Para mim, a Bolsa traz inúmeros benefícios ao tecido empresarial português. Ajuda os empresários e empresárias a diversificar fontes de financiamento (a não depender exclusivamente da Banca), ajuda as empresas a crescer mais rápido, e ajuda milhares de portugueses que podem assim rentabilizar as suas poupanças investindo em empresas cotadas em Bolsa.

Para mim, é uma situação em que todas as partes ganham. Ganham as empresas por obterem mais fontes de financiamento; ganham os cidadãos portugueses por poderem rentabilizar o seu capital.

 

Espero que este conteúdo te tenha sido útil. Quanto mais não seja para te mostrar como não perderás o controlo sobre a tua empresa só por a listares em Bolsa.

 

Tenho um pequeno favor a pedir-te. Envia este artigo a empresárias e empresários que conheças que podem beneficiar do seu conteúdo. Provavelmente conhecerás alguém que tem empresas e que poderá considerar o mercado de capitais como uma interessante fonte de financiamento. Mostra-lhes que não perdem o controlo sobre a empresa só por entrar em Bolsa.

Muito obrigado!

 

 

Saudações lucrativas,

Frederico Santarém